Ressuscitou a meados de Maio de 2004. Continuará a focar o seu conteúdo no mais xungoso, desde A Paixao de Cristo até ao Último Samurai... Crítica free-style! contacto: cinemaxunga@gmail.com

segunda-feira, maio 31, 2004

Darkness Falls (2003)

Darkness Falls (2003) Sinopse: O espírito de uma senhora assassinada injustamente ataca um subúrbio americano qualquer sob a forma da... Fada dos Dentes! Uma criança sobrevive ao ataque, mas os seus pais não. A criança, agora crescida, tem que lidar com o regresso da Fada dos Dentes para salvar outro puto que sofre das mesmas maleitas.

Crítica: Há um factor comum nos filmes de terror que até é compreensível: a explicação do caso à polícia. Normalmente alguém é atacado por espíritos, zombies, canibais, bactérias, lobisomens, vampiros, gnomos, animais mutantes, monstros pré-históricos (coisas do dia-a-dia) e quando vai à polícia contar o que aconteceu, eles atiram-se ao chão e rebolam-se a rir. Nessa altura, nós ficamos indignados, porque achamos que os polícias são maus. E porquê? Porque na nossa previligiada posição de espectador nós sabemos que aquilo é verdade. Mas existe sempre um polícia que acredita e normalmente é para tentar comer uma gaja do grupo das vítimas. Ou seja, a polícia tem razão. Porque haveriam de acreditar em tamanhas aberrações? Mas depois, essa mesma polícia não acha estranho, no final dos filmes, aparecerem sempre chacinas com milhões de corpos. Nunca vi em nenhum filme desses os heróis a desculparem-se e a dizer "Sabe senhor Polícia, eu matei realmente 275 pessoas, mas não se preocupe porque eram zombies...". E o polícia diz "Ah, que susto! Então não há problema, está tudo explicado".

O tema deste filme sugere uma falta de imaginação atroz, um ripoff ao Freddy Krueger. A Fada dos Dentes, apesar de ter sido criada por Stan Winston, não é mais do que uma tipa magra, vestida com mantos pretos rasgados e com uma máscara de porcelana pintada a guache, ao estilo de pigmeus da Nova Guiné. A pobreza cinematográfica arrasta-se ao longo deste desfile de clichés para acabar com uma cena num farol, em que a Fada (agora típica bruxa de conto de fadas) esvoaça ocasionalmente, em efeitos especiais CGI renderizados por um 486 com 8 MB de RAM.

Este filme é tão mau que os créditos finais correm durante 11 minutos para dar a duração de longa-metragem. Isso significa que nem uma única cena foi deixada de fora. Toda a merda foi aproveitada e aposto em como ainda filmaram mais uns minutos de nonsense para esticar aquilo mais um pouco. Todo o filme deve ter sido filmado à primeira, porque um metro de fita, parecendo que não, ainda é caro.

Pontos altos: Os créditos finais (11 minutos) especificam bem toda a equipe envolvida no filme e a velocidade lenta com que passam permite procurar um amigo ou familiar que possa ter aparecido no filme, mesmo como "responsável por procurar a melhor relação qualidade/preço em legumes para a dieta especial do motorista que é diabético" ou "dactilógrafo contratado em part-time com pagamento a roçar o zero, cujas funções também passavam por sevícias sexuais ocasionais".

Ponto Baixos: Estive a falar sozinho ali em cima na crítica? Se vieram directamente para aqui, façam favor de ler lá em cima onde diz "Crítica:".

Veredicto: Filme bom para quem gosta de ler créditos finais.