Ressuscitou a meados de Maio de 2004. Continuará a focar o seu conteúdo no mais xungoso, desde A Paixao de Cristo até ao Último Samurai... Crítica free-style! contacto: cinemaxunga@gmail.com

domingo, outubro 17, 2004

Punch Drunk Love (2002)
Não é xunga, não senhor! (a 97%)

Punch Drunk Love (2002)Sinopse: Barry Egan é um tipo com um comportamente que se afasta ligeiramente daquilo que se convencionou a chamar "normal". Tem sete irmãos poderosamente possessivas e um pequeno negócio que não se compreende muito bem qual é nem como gera dinheiro. Um dia descobre um bug numa promoção de marketing e com 3000 dólares consegue comprar produtos que, depois de convertidos os cupões, resultam em milhões de milhas de vôo grátis, suficientes para algumas voltas ao mundo. Entretanto apaixona-se e ainda se torna mais instável, como se fosse movido por uma caldeira nuclear com ligeiras fissuras e com a temperatura sempre a passar do red line.

Crítica: Paul Thomas Anderson surpreende mais uma vez, desta feita com o spotlight direcionado a apenas um personagem, em vez de vastos grupos como fez em Magnolia e Boogie Nights. Eu gosto muito do Paul Thomas Anderson, mas só agora vi este filme. Porquê? Bem, porque Paul Thomas Anderson exerce sobre mim a força positiva com valor absoluto semelhante à força negativa que exerce Adam Sandler. Como é explicado nas lei da física, as forçam anulavam-se e eu ficava ali no meio em inércia. Ontem, num momento de tédio decidi pegar nele e dar-lhe um visionamento de soslaio.

O filme agarrou-me logo nos primeiros segundos e cedo me apercebi que estava perante uma sub-avaliada obra prima. O trabalho inicial de fotografia (escuridão interna Vs luz solar da manhã) é inquietante e permite-nos entrar rapidamente na mente de Barry Egan e ter a sua percepção de realidade. Os momentos iniciais de fúria interna surpreendem pela emoção com que são transmitidos. Digamos que Barry Egan é um tipo como nós, só que os seus extremos emocionais são mais alargados e que ele passa pouco tempo no meio. É mais do género de estar a partir tudo ou numa submissão de cortar o coração.

A galeria de actores é fantástica. Adam Sandler, na sua única performance digna do título "representação", Philip Seymour Hoffman sempre excelente e polivalente, Emily Watson continua em forma (mesmo depois de ter iniciado a carreira a ser vandalizada por Lars Von Trier), e toda uma galeria de actores secundários de luxo. Actores é a expressão para definir este casting.

Pontos altos: Cinema no verdadeiro sentido da palavra.

Pontos baixos: Talvez uma ou outra expressão infeliz de Adam Sandler. Não tem sexo doentio...

Veredicto: Fantástico

PS: Adam Sandler, se me estás a ler, não ganhes esperança, porque uma andorinha não faz a primavera.
PS2: Philip Seymour Hoffman, ainda não te perdoei da performance de merda em "Along Came Polly". Estavas a precisar de dinheiro para cocaína ou tinhas as propinas dos putos em atraso?